terça-feira, 1 de maio de 2012

HOMENS-INSTINTO E HOMENS-RAZÃO

Na oportunidade própria, analisando, com o Dr. Bezerra de Menezes, a problemática sempre grave e complexa da obsessão, o Amigo esclareceu-me:

- Enquanto as paisagens mental e moral do homem não mudem o clima de aspirações responsáveis pelos problemas que geram, o intercâmbio obsessivo permanecerá. (...)Ouspensky, pensador russo, que se fez excelente discípulo de Gurdjieff, dividiu os homens em dois grupos: fisiológicos e psicológicos, para bem os situar na área das suas necessidades e aspirações. Os primeiros, seriam aqueles cujo comportamento se submete ao repouso, ao estômago e ao sexo, enquanto os outros são os que vivem conforme o sentimento e a mente. Preferiríamos considerar que há os que ainda transitam sob o comando da sua natureza animal, primitiva, aqueles que vivem sob a predominância da natureza espiritual e os que se encontram na fase intermediária, em caminho do estágio mais grosseiro para o mais sutil.

Os primeiros são homens-instinto, mais dirigidos pelas sensações, enquanto os últimos são homens-razão, comandados pela emoção. Aqueles vivem para comer, gozar e dormir, sem tempo mental para sentir os ideais de beleza e de progresso. Os outros, não obstante se utilizem das sensações que decorrem das imposições fisiológicas, cultivam os sentimentos, e as emoções sobrepõe-se aos caprichos dos prazeres fugidios e imediatos. O homem, no qual predomina a natureza animal, reage sempre e com violência; detém o que tem e não reparte, em razão do egoísmo que o vitima. Aquele em quem a natureza espiritual se destaca, age, porque pensa com calma, nas circunstâncias mais graves, preservando o equilíbrio; possui sem reter, multiplicando a benefício do próximo, promovendo a comunidade onde se encontra e desenvolvendo os sentimentos do altruísmo, que o felicita.

O amor, no período das dependências fisiológicas, é possessivo, arrebatado, físico, enquanto que, no dos anelos espirituais, se compraz, libertando; torna-se, então, amplo, sem condicionamentos, anelando o melhor para o outro, mesmo que isto lhe seja sacrificial. Um parece tomar a vida e retê-la nas suas paixões, enquanto o outro dá a vida e libera para crescer e multiplicar-se em outras vidas.

Os que se encontram em trânsito entre as experiências primevas e as conquistas da razão, apesar dos vínculos fortes com a retaguarda evolutiva, acalentam ideais de enobrecimento, sofrem tédio em relação aos gozos, padecem certas insatisfações e frustrações, porque já não lhes bastam as sensações fortes, exauridoras, tendo necessidade de mais altos valores íntimos, que independam do imediato, do jogo cansativo dos desejos físicos. Ambições mais nobres se lhes desenham nas áreas mentais e os desejos sofrem alteração de estrutura. Pressentem a glória do amor e a dádiva da paz, engajando-se nos movimentos idealistas, apesar das incertezas e dubiedades que os assaltam vez por outra.

Como é natural, há uma prevalência de homens-instinto nos quadros sociais da Terra, em relação a um número menor de homens-razão, que se empenham por criar condições de progresso e realização em favor dos que estão atrás.

Movimentando-se entre os dois contingentes, estão aqueles que despertam para as realidades espirituais, galgando os degraus de ascensão a duras penas.(...)


FONTE: FRANCO, Divaldo Pereira. LOUCURA E OBSESSÃO Cap.19 pelo espírito Manoel P.de Miranda

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