Cap. 6 - Transtornos Profundos
O ser humano é o somatório dos seus pensamentos,
atitudes e realizações. O Self, na condição de um arquétipo primordial, preside
ao processo de desenvolvimento que lhe é imperioso alcançar, mediante as
experiências que fazem parte dos estatutos da Vida.
Larguíssima trajetória
percorre o psiquismo desde os impulsos primários até o patamar dos instintos
agressivos, depois aos mantenedores da vida, passando pelos reflexos
condicionados, quando então surge desafiadora a inteligência, a princípio
obnubilada pela cortina das manifestações primárias, clareando os impulsos que
se transformam em emoções, quando então o Self avança no rumo da consciência
que enfrenta novos desafios até alcançar o nível cósmico ou plenitude.
Todo
esse arcabouço inicial se insculpe nos recessos do ser e se transforma em
alicerce para novas edificações que se concretizam, a pouco e pouco, dando
surgimento a imagens arquetípicas que lhe passam a constituir o patrimônio
pessoal intransferível.
Porque muito largas as experiências primárias, que se
desenvolvem mediante os automatismos, que se convertem em percepções que
identificam os significados das coisas e da realidade, tornando-se reflexos que
se condicionam e são transferidos de uma para outra geração, as suas fixações
são muito profundas. Mesmo quando o Self começa a desempenhar a sua formidanda
faculdade de expressar-se nos patamares da inteligência e do sentimento, nas
formulações dos anseios e dos ideais de enobrecimento, aqueles registros mais
fortes predominam na sua constituição psicológica e ressurgem sempre com força
dominadora, que deseja impor-se, perturbando os direcionamentos que conduzem ao
bem-estar pleno.
Os fatores endógenos e exógenos que preponderam para o
surgimento de psicopatologias profundas e de transtornos variados são
decorrência do clima pessoal de cada indivíduo, das suas realizações
anteriores, das suas ambições dignas ou vulgares, que geram ondas de sintonia
com esses implementos responsáveis pelo surgimento dos mecanismos de realização
e evolução na pauta do seu desenvolvimento.
As más inclinações que induzem ao
erro, ao crime, à crueldade, são as heranças perversas que não o abandonaram,
jungindo-o ao primarismo que deve ser superado a esforço contínuo, qual a débil
plântula fascinada pelo raio de Sol, ascendendo na sua direção, enquanto dele
se nutre e submete-se-lhe ao tropismo.
Há um Sol transcendente, que é o
Arquétipo Primacial – a Divindade – que se irradia como fonte de vida, de
calor, de energia, Eixo central do Universo e Gerador do Cosmos, que atrai na
Sua direção todas as expressões que O manifestam na Criação.
A vida, portanto,
desenvolve-se no rumo desse Fulcro, que é a Causalidade absoluta, da qual
ninguém ou coisa alguma se pode evadir.
É essa força incoercível da evolução
que propele o ser humano ao crescimento, a um objetivo de natureza eterna, ao
invés da transitoriedade que se consome no aniquilamento, ou melhor dizendo, na
transformação dos implementos moleculares da sua constituição orgânica. Eis porque
o Self é imemorial, indestrutível na sua essência. [...]