terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

VONTADE - EMMANUEL

http://www.febeditora.com.br/departamentos/pensamento-e-vida/#.XHUbw_ZFzDc
Comparemos a mente humana — espelho vivo da consciência lúcida — a um grande escritório, subdividido em diversas seções de serviço. Aí possuímos o departamento do desejo, em que operam os propósitos e as aspirações, acalentando o estímulo ao trabalho; o departamento da inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura; o departamento da imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade; o departamento da memória, arquivando as súmulas da experiência, e outros, ainda, que definem os investimentos da alma. Acima de todos eles, porém, surge o gabinete da vontade. A vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ação mental. A divina Providência concedeu-a por auréola luminosa à razão, depois da laboriosa e multimilenária viagem do ser pelas províncias obscuras do instinto. Para considerar-lhe a importância, basta lembrar que ela é o leme de todos os tipos de força incorporados ao nosso conhecimento.
A eletricidade é energia dinâmica. O magnetismo é energia estática. O pensamento é força eletromagnética. Pensamento, eletricidade e magnetismo conjugam-se em todas as manifestações da vida universal, criando gravitação e afinidade, assimilação e desassimilação, nos campos múltiplos da forma que servem à romagem do espírito para as metas supremas, traçadas pelo Plano divino. A vontade, contudo, é o impacto determinante. Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia da máquina. O cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capacidade de reflexão que lhe é própria; no entanto, na vontade temos o controle que a dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam os problemas do destino. Sem ela, o desejo pode comprar ao engano aflitivos séculos de reparação e sofrimento, a inteligência pode aprisionar-se na enxovia da criminalidade, a imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a memória, não obstante fiel à sua função de registradora, conforme a destinação que a natureza lhe assinala, pode cair em deplorável relaxamento. Só a vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do espírito. Em verdade, ela não consegue impedir a reflexão mental, quando se trate da conexão VONentre os semelhantes, porque a sintonia constitui lei inderrogável, mas pode impor o jugo da disciplina sobre os elementos que administra, de modo a mantê-los coesos na corrente do bem.

Fonte: 
Xavier, Francisco Cândido. Pensamento e Vida
FEB - Federação Espírita Brasileira. Edição do Kindle.