A
par dos fatores sóciomesológicos, outras razões são preponderantes na área do
comportamento inseguro, que são aquelas que procedem das reencarnações
anteriores, malogradas ou assinaladas pelos golpes violentos que foram
aplicados pelo Espírito em desconcerto moral, ou que os padeceu nas rudes
pugnas existenciais.
Assinalando
com rigor a manifestação da afetividade tranqüila ou desconfiada, aquelas
impressões são arquivadas no inconsciente profundo, graças aos mecanismos sutis
do perispírito. O homem é um ser inacabado, que a atual existência deverá
colaborar para o aperfeiçoamento a que se encontra destinado. Faltando-lhe os
recursos favoráveis ao ajustamento, torna-se uma peça mal colocada ou
inadaptada na complexidade da vida social, somando à sua a insegurança dos
outros membros, assim favorecendo as crises individuais e coletivas.
Por
desinformação ou fruto de um contexto imediatista consumista, elaborou-se a
tese de que a segurança pessoal é o resultado do ter, que se manifesta pelo
poder e recebe a resposta na forma de parecer. Todos os mecanismos responsáveis
pelo homem e sua sobrevivencia se estribam nessas propostas falsas, formando
uma sociedade de forma, sem pro-fundidade, de apresentação, sem estrutura
psicológica nem equilíbrio moral.
Trabalhando
somente no exterior, relega-se, a plano secundário ou a nenhum, o sentido ético
do ser humano, da sua realidade intrínseca, das suas possibilidades futuras,
jacentes nele mesmo.
O
homem deve ser educado para conviver consigo próprio, com a sua solidão, com os
seus momentâneos limites e ansiedades, administrando-os em proveito pessoal, de
modo a poder compartir emoções e reparti-las, distribuir conquistas, ceder
espaços, quando convidado à participação em outras vidas, ou pessoas outras
vierem envolver-se na sua área emocional.
Desacostumado
à convivência psíquica consciente com os seus problemas, mascara-se com as
fantasias da aparência e da posse, fracassando nos momentos em que se deve
enfrentar, refletido em outrem que o observa com os mesmos conflitos e
inseguranças. As uniões fraternais então se desar-ticulam, as afetivas se
convertem em guerras surdas, o matrimônio naufraga, o relacionamento social
sucumbe disfarçado nos encontros da balbúrdia, da extravagância, dos exageros
alcoólicos, tóxicos, orgíacos, em mecanismos de fuga da realidade de cada um.
A educação, a psicoterapia, a metodologia da
convivência humana devem estruturar-se em uma consciência de ser, antes de ter;
de ser, ao invés de poder, de ser, embora sem a preocupação de parecer.