EDUCAÇÃO DO SENTIMENTO DE JUSTIÇA
Em verdade, ao mesmo tempo que se desenvolve o
sentimento de justiça no ser humano, apurando-se progressivamente, também se
desenvolvem, de maneira igualmente progressiva, as outras faculdades superiores
da alma; mas, este desenvolvimento não se realiza paralelamente aquele, pelo
que sempre há um desequilíbrio, algumas vezes muito grande, entre o de umas
faculdades e o de outras.
Esse
desequilíbrio é que dá origem ao conflito que observais muitas vezes entre as
potências da alma, ao se manifestarem no indivíduo, no chamado plano material.
Assim,
se o ser humano tem grandemente desenvolvido o sentimento de justiça e não o de
benevolência, tolerância, indulgência, condescendência, etc., estará sempre em
conflito com as opiniões alheias e pretenderá que prevaleçam as suas, ainda que
à força.
O
patriota em quem, com o sentimento de justiça, se acha desenvolvido grandemente o
do amor a seu país natal, à nação que lhe foi berço, se não tem desenvolvido o
sentimento da unidade do ser, que conduz ao da fraternidade, se tornará até
guerreiro cruel contra os outros povos, quando julgue que são seus inimigos,
por ameaçarem os interesses particulares de sua pátria. Para esse são
necessárias as fronteiras e, quanto mais altas, melhor, porque ele crê que nada
de justo há, desde que não beneficie ao seu país, à sua pátria, de modo
estritamente conforme à sua opinião ou ao seu critério político.
O mesmo
ocorre no terreno religioso. Se o pensamento da igualdade de origem e o do
direito, que possui todo ser racional, de pensar e crer livremente, tendo por
base a inviolabilidade da consciência do indivíduo, não está suficientemente
desenvolvido, de par com o sentimento de justiça, violento fanatismo e a
intransigência mais acentuada serão a consequência, porquanto então, considerando-se
de posse da verdade e querendo que essa verdade se imponha, porque a seu ver
essa imposição é justa, a criatura apelará para todas as violências, a fim de
consegui-lo, quando com a persuasão nada consiga. Esse desequilíbrio constitui
a origem das guerras religiosas que, se não se travam cruentas, por não o
permitirem os tempos, se acendem no seio das famílias, no círculo das amizades,
em todos os meios sociais.[...]
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