Dominador,
o ego mascara-se no personalismo, em que se refugiam as heranças grosseiras,
que levam o indivíduo à prepotência, à dominação dos outros, em face da
dificuldade de fazê-lo em relação a si mesmo, isto é, libertar-se da situação
deplorável em que se encontra.[...]
Sendo o Self o arquétipo básico
da vida consciente, o princípio inteligente, ele é o somatório de todas as
experiências evolutivas, sempre avançando na direção do estado numinoso.
Nessa dissociação dos polos, muitas vezes
pode parecer que o indivíduo, a grande esforço, conseguiu a interação, até o
momento em que se surpreende com o terror da cisão inesperada que o leva a um
transtorno profundo, especialmente se viveu em razão de um ideal que asfixiou o
conflito, mas não o solucionou, despertando com sensação de inutilidade, de
vazio existencial.
Sucede que o ego exige destaque,
compensação, aplauso, embora nos conflitos entre razão e instinto,
originando-se nele um tipo de sede
de água do mar,
que não é saciada por motivo óbvio.[...]
Conscientizar a sombra, diluindo-a, mediante a sua assimilação, ao
invés de ignorá-la, constitui passo avançado para a perfeita identificação
entre ego e Self.[...]
Essas expressões (ego e Self) apresentam-se na
conduta humana quando em público, aparenta-se uma forma de ser e, quando, no
lar, na família ou a sós, outra bem diferente. O que representa gentileza
transforma-se em mal-estar, azedume e aspereza.
Aceitar-se com naturalidade esses opostos
é recurso salutar, terapêutico, para melhor contribuir-se em favor da harmonia
entre os outros litigantes, que são o ego e Self.
No comportamento social não é necessário
mascarar-se de qualidades que não se possuem, embora não se deva expor as
aflições internas, os tormentos do polo negativo.
Assumir-se
a realidade do que se é, administrando, pela educação – fonte geradora dos
valores edificantes e enobrecedores – os impulsos do desejo e do prazer,
transformando-os em emoções de bem-estar e alegria, saindo da área das
sensações dominantes, constitui maneira eficiente para diminuir a luta
existente entre os dois arquétipos básicos da vida humana.
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