domingo, 24 de novembro de 2013

COM A PALAVRA HERMÍNIO C. DE MIRANDA

http://www.correiofraterno.com.br/livros/fenomenoanimico
 
     Tenho dito alhures em meus textos que se o Cristo não tivesse sido um herege - na melhor conotação que nos seja possível atribuir a esse termo - não teríamos à nossa disposição os ensinamentos imortais que ele nos deixou. Com uma ressalva necessária, ainda que algo contundente: não estou me referindo ao corpo doutrinário e filosófico-religioso que conhecemos hoje como cristianismo, nas suas variadas denominações. E sim aos ensinamentos originais de Jesus, tanto quanto nos seja possível hoje identificá-los em textos muito trabalhados para dizerem o que convinha aos interesses quantitativos das instituições que hoje falam em nome dele.
     Charles Guignebert, o eminente historiador especializado na temática do cristianismo primitivo, escreveu um livro intitulado Jesus e outro sob o qual optou pelo título Cristo, a fim de deixar bem marcada sua leitura de que não são a mesma pessoa. Ou seja, uma delas é o jovem e sábio carpinteiro galileu que pregava a revolucionária doutrina do amor, da tolerância, do comportamento e o outro, uma figura teológica, fundadora de uma Igreja que teria em suas mãos as chaves de um paraíso igualmente artificial e o poder de decidir quem iria para lá ou para o não menos fictício inferno.[...]
     Falta-nos ainda entender que Jesus não fundou mais uma religião. Preferiu propor e exemplificar com sua pregação e seu exemplo pessoal um plano de comportamento claramente apoiado na esquecida realidade do amor. E vejam bem: não estou falando de cristianismo, falo - reitero - de comportamento, qualquer que seja sua opção religiosa ou filosófica. Ou o seu ateísmo.

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